quinta-feira, março 29, 2007

Viver do trabalho rende mais do que viver de renda

Nestes tempos de queda das taxas de juros no Brasil, muita gente está reclamando que esta ou aquela aplicação não está rendendo nada, que não sabe o que fazer para ganhar mais e perguntando, com aflição, aonde botar a grana economizada, ou herdada...

A grana economizada vem constituir um montante depois de um bom tempo de restrições no consumo imediato adiado para um consumo maior no futuro, enquanto que a grana herdada vem na moleza para o herdeiro, mas deve ter custado trabalho árduo para quem a gerou. E mesmo assim, a herança às vezes não chega, devido ao conhecido postulado: “Avô rico, filho nobre, neto pobre”, que preconiza que o avô, a primeira geração, constrói, o filho gasta e o neto, a terceira geração, destrói...

E o brasileiro tem que se acostumar às taxas de aplicação menores, pois, a caminho de um país melhor, as taxas têm que se aproximar daquelas do mundo desenvolvido que convive com taxas baixas o suficiente para fazer o playboy trabalhar e empreender a fim de ganhar mais.

Nesse contexto, como temos escrito aqui, para ganhar mais há que se empreender e correr riscos. Recomenda-se que só se entre em negócio que se conheça, para não dar com os burros n’ água. Já chega o país, que faz experimentos diários com neófitos ocupando politicamente ministérios, fazendo o povo nadar num mar de inexperiências e não voar por total incompetência.

Neste mesmo país que resiste às reformas, o que o INSS paga (sem poder) aos aposentados, em valores tão criticados (exceto os ganhos dos conhecidos marajás do abuso adquirido), efetivamente é um rendimento bastante atrativo.

Senão vejamos: o teto máximo bruto (R$ 2.801,82), se considerada uma taxa de aplicação em fundo de investimento na faixa de 0,8% ao mês, corresponde a uma aplicação de cerca R$ 350.000,00! Não é para qualquer um, não! É muita grana!

Se o valor da aposentadoria for no entorno de três salários mínimos atuais, valor isento de IR, para competir seria necessária uma aplicação de cerca de R$130.000,00, valor que, convenhamos, poucos brasileiros têm como poupança...

A conclusão é que o ganho ou o salário de quem trabalha vale muito, vale o que um montão de grana renderia de juros, de modo que todos devem valorizar a geração de renda pelo trabalho! Em vez de ficar reclamando da aposentadoria, direito líquido e certo de quem chegou lá, que se dê um jeito de continuar trabalhando, produzindo, que provavelmente vai-se ganhar muito mais além do “pé-na-cova”.

É bom lembrar que essas contas aproximadas, que esqueceram prazos de aplicação, imposto de renda, taxas de administração de fundos e outras mordidas mais, foram feitas com base nas maiores taxas de juros do mundo civilizado.Quando nós chegarmos lá perto dos desenvolvidos e o mundo esquecer o risco Brasil (que é o risco da mudança das regras do jogo!), o bicho vai pegar para os que vivem de renda fixa que vão ter que ter muita grana para sobreviverem sem trabalhar e sem consumir o principal, isto é, o capital inicial.

É verdade que com as amizades e reconciliações recentes no mundo da nossa política, muita gente já está com a pulga atrás da orelha: gato escaldado tem medo de água fria!

Com essas inacreditáveis composições políticas que o governo andou fazendo nesta época de fusões e aquisições, não se pode ter certeza de que não haja um saudosismo que leve a uma volta ao passado, com uma fusão do botox do ex-garotão com o mensalão plastificado.

E aí, uma fusão do risco do Brasil com uma elevação do badalado índice financeiro Risco Brasil vai exigir taxas de juros maiores, para êxtase de especuladores e banqueiros...

Luis Carlos Ewald

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